sábado, junho 02, 2007

Madrasta: bruxa malvada ou amiga?


Diferente das bruxas malvadas dos contos de fada, as madrastas de hoje criam relações tão fortes com seus enteados que sobra amor mesmo quando a relação homem-mulher acaba.Quem não lembra das histórias de Branca de Neve ou da perversa madrasta de Cinderela, que a obrigava a limpar o castelo?Na época dos contos infantis muitas mulheres morriam no parto e os homens rapidamente arranjavam uma substituta para cuidar dos filhos.
Por esta razão na literatura infantil a madrasta é sempre má e suas atitudes são sempre para prejudicar os filhos que não são dela.Nos dias atuais, com o crescente número de separações e recasamentos a madrasta tem na nova estrutura familiar um papel muito diferente das histórias. Já não existe mais aquele preconceito de antigamente, quando era vista como uma mulher sem coração, e não faltam exemplos de crianças e adolescentes que se dão melhor com a nova companheira do pai do que com a própria mãe.
A cada dia que passa aumenta o número de mulheres sem filhos que acabam se relacionando com homens que já são pais. Os desafios são muitos. Começa pelo próprio homem que vem de um casamento que acabou e vive o dilema de como educar os filhos sem a presença da mãe biológica, principalmente quando fica com a guarda. Os filhos, muitas vezes, ainda confusos com a separação dos pais encontram dificuldades em ver o pai com outra mulher. Os meninos costumam aceitar melhor a situação. Se ninguém os perturbar também não incomodam.
Já as meninas têm uma relação muito mais próxima com a mãe e sofrem mais. E, por último, a ex-mulher dele, que por melhor que seja, está presente nessa situação.A mulher que entra na nova estrutura familiar precisa entender que a mãe é insubstituível.
O grande desafio é entender que não pode substituí-la, não pode ser uma segunda mãe e nem se colocar como a melhor amiga dos enteados. Ela deve se posicionar como a nova companheira do pai. Esta é uma relação que deverá ser construída com calma, muita paciência, respeito, confiança e admiração mútua.A madrasta precisa ter em mente que não pode ter ciúmes nem das crianças e nem da ex-mulher. Elas já existiam antes dela, por tanto, nada de competições. Cabe a ela deixar claro para as crianças que o seu papel não é o de substituir a mãe.
O segredo é ir conquistando as crianças aos poucos sem esperar um amor maternal.Quando as crianças são pequenas as dificuldades são ainda maiores. Tanto a morte como a separação mexe com a estrutura emocional deixando-as confusas e abaladas. A vinda da madrasta na vida delas vem para aumentar a sensação de perda.
Na cabecinha delas perderam a mãe e agora estão perdendo o pai para uma outra mulher. Para elas pode representar uma grande frustração porque acaba com a esperança de uma reconciliação entre os pais.Quando a ex-esposa não aceita o novo relacionamento do ex-marido a situação fica mais complicada porque, geralmente, ela fará a cabeça das crianças contra a madrasta. Quando a ex não interfere no novo relacionamento a relação com os filhos dele pode ser bem mais civilizada e harmoniosa.Muitas vezes, o novo casal tem dificuldades em gerir certas situações porque as pessoas que estão de fora se intrometem, através dos filhos. É o caso dos avós, tios e outros parentes quando não simpatizam com a pessoa escolhida.
Se os filhos moram com a mãe e passam somente o final de semana na casa do pai, desde o início, deverá ficar claro quais são as regras e os limites para que possam ter uma convivência pacífica. Tem pai que por se sentir culpado por não acompanhar de perto o crescimento e o dia-a-dia dos filhos extrapola os limites do bom senso dando, muitas vezes, mais do que pode dar. Para compensar a falta de afeto e presença abusa na mesada, brinquedos, presentes ou viagens.
Apesar de todas as dificuldades, certamente ser madrasta não é tão complicado como ser padrasto. Os padrastos vivem mais com os enteados do que as madrastas. Em noventa por cento dos casos os filhos ficam com a mãe na hora da separação ficando com a madrasta nos finais de semana e nas férias.

*Marlene Heuser: consultora em relacionamentos afetivos
Contato: 41-3274-2131

Um comentário:

Anônimo disse...

Achei os fundamentos de que ser madrasta é mais fácil que ser padrasto muito fracos, carecedores de maior estudo.
O que se busca em mulher/mãe/Madrsta é diferente do que se busca como postura de homem/pai/padrastro. Penso que o homem é mais ausente na educação.