sexta-feira, maio 17, 2013

COBRANÇA OU COLO?


Por: Lu Oliveira Professora, Blogueira e Escritora

A menos de dois meses do vestibular da Universidade Estadual de Maringá, o clima de tensão entre os candidatos, principalmente entre os que farão o concurso pela primeira vez, intensifica-se a cada dia. A concorrência assusta e o desejo pela aprovação faz a maioria se dedicar de corpo e alma a livros, cadernos e apostilas. Horas de estudo no colégio e em casa e pouco tempo para o lazer. Resultado: adolescentes estressados e familiares sem saber exatamente como agir, afinal, nessas horas é melhor insistir na cobrança ou oferecer o colo para a meninada?
Meu primogênito ainda não chegou a essa fase, mas trabalho com ensino médio e pré-vestibular há 15 anos e tenho condições de opinar sobre o tema. É claro que, quando chegar a minha vez de passar por isso, a experiência não será a mesma que vivo em sala com meus alunos. Como mãe, é bem possível que outros sentimentos venham à tona ao lidar com a situação.
De qualquer forma, em minhas palestras ou quando recebo e-mails de leitores que acompanham a coluna, costumo orientar os pais aflitos a estarem, principalmente, presentes nesse momento delicado da vida de seus filhos. E estar presente não quer dizer cobrança em excesso, tampouco mimos em demasia. Equilíbrio - palavra que nos persegue na missão de educar – é fundamental para ajudar os jovens a enfrentar a maratona do vestibular.
Não faltam por aí boas escolas, sejam públicas ou particulares, as quais oferecem as condições necessárias para uma aprendizagem satisfatória dos estudantes. Também há excelentes professores, de todas as disciplinas, que cumprem com competência a função de preparar esses meninos e meninas para a realização das provas.
Entretanto, nada é miraculoso. Às vezes percebo que as pessoas veem determinado colégio como um lugar onde milagres acontecem a cada aula. Ou quem sabe acreditem que o professor Fulano possa, pela simples imposição das suas mãos sobre a turma, fazer com que todos assimilem a matéria.
Os jovens que estão se preparando para o vestibular sabem bem a que me refiro. Boas escolas, bons professores e bons materiais são fundamentais, mas o candidato precisa fazer sua parte e isso inclui, de fato, muito tempo de dedicação aos estudos. Sem esforço, não há como desejar um resultado positivo. E como os pais podem colaborar?
A missão paterna não se esgota na matrícula ou na aquisição dos materiais escolares. Mesmo quando os filhos já têm 17 ou 18 anos, é preciso conversar sobre o andamento das atividades escolares. Nem sempre eles vão falar, é claro. Conheço bem essas figuras fascinantes. São monossilábicos às vezes. Mas é preciso insistir.
Entender a dinâmica da preparação para o vestibular é essencial. Conhecer os professores e suas respectivas disciplinas, comparar o sistema de avaliação da universidade e o do colégio, acompanhar o desempenho por meio das notas.
Além desse acompanhamento, que nada tem a ver aqueles homens e mulheres grudentos, que só sabem cobrar e nunca ouvem seus filhos, os adultos devem lembrar os mais novos que há programas que podem, sem culpa, ser mantidos na agenda.
Jovem tem que estudar, mas também tem que dançar, ir à academia e ao cinema, curtir os amigos, viajar com a família, namorar, dormir até mais tarde no domingo. Isso faz um bem danado e, sem exageros, não irá atrapalhar a rotina de estudos. Mergulhar nas páginas dos livros e dos cadernos, sem pausa para um merecido descanso, pode causar efeito reverso.
Afinal, existe vida além do planeta vestibular. Essa lição não cai na prova, mas é bom se lembrar dela.

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